sábado, 30 de setembro de 2006

Buenos Aires

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Em setembro de 2006 realizei um grande sonho, ao conhecer a cidade dos meus sonhos, e que nunca pensei que pudesse ser realizado. Conhecer Beunos Aires!
Na verdade, somando os fatos eu achava que dificilmente iria conhecer a capital porteñha, mas o primeiro passo foi dado pelo Atlético, que eliminou o Paraná Clube na fase "brasileira" da Copa Sul-Americana. Quanto a viagem não me animei muito, pois só sabia que uma parte da torcida ia de avião, que ainda não tinha pacotes para a Argentina, tão acessíveis como hoje em dia.
A oportunidade apareceu quatro dias antes da viagem, quando a torcida organizada resolveu ir de ônibus. Quando eu liguei para a sede da torcida, nova decepção, pois não tinha mais lugares. Entretanto, minutos depois aconteceu uma desistência e fui informado pelo telefone. Resultado: Em uma hora já estava na sede comprando a passagem, que custou R$ 120.
Na segunda feira, por volta das 23h30, o ônibus saiu com 33 torcedores. Eu conhecia somente o Guilherme, que fez faculdade comigo. Antes de pegar a Br-116, a ônibus parou em um hipermercado para comprar cerca de 200 latas de cerveja para a viagem, mesmo com um frio de quase 10º.
Alguns minutos depois, já estavamos na Br rumo à Buenos Aires.
Por volta das 5h30 chegamos em União da Vitória para tomar um café e seguir em frente. Durante toda a viagem a cerveja correu solta, mas eu era um dos poucos que não bebia coisas alcoólicas.
Por volta das 11h da terça feira, estavamos em Passo Fundo, onde pegaríamos uma outra rodovia, essa sim, indo para a fronteira.
Essa foi a parte da viagem mais cansativa, pois de Passo Fundo até Uruguaiana, é praticamente uma reta, com viagem de quase treze horas. Mas a paisagem é bonita, com muitos campos no caminho dos jesuítas, como é denominado este roteiro. Passamos por São Borja (terra do ex-presidente brasileiro Getúlio Vargas, Santo Angelo e São Luis, onde o motorista parou para xerocar os nossos documentos - coisa que deveria ser feita no embarque.
Ainda paramos em Itaqui, para um pit-stop. Na verdade, a única refeição de verdade que a torcida fez, foi ir em um buffet, neste mesmo posto, só que na volta.
Lá por meia-noite, finalmente chegamos em Uruguaiana, na fronteira dos dois países.
A parada em Uruguaiana demorou muito, pois os guardas argentinos não queriam deixar a torcida passar, alegando que a Duana só funcionava pela manhã, mas entre um "brinde" aqui e outro ali (leia-se camisas do Atlético), após quatro horas já estavamos do outro lado, em Passos de los Libres.
Não vi muita coisa durante a madrugada, pois dormi bastante. Acordei às 7h, para tomar banho quente em um posto de gasolina. Curioso é que o chuveiro funciona com uma moeda de $ 0,50, igual aquelas antigas de telefone de Curitiba. O banho dura sete minutos, em um ambiente muito limpo e seguro.
Depois não durmi mas e vi muita coisa interessante, desde minis-caminhões tombados na beira da estrada, mas sem gravidade, até a refinaria da Petrobrás, na beira da estrada.
Na quarta feira, a "civilização" começou uma horas antes de Buenos Aires, na cidade de Zaráte, que fica a beira do começo do Rio da Plata. Aliás, como a ponte que cruza o rio é usada por trens, ela começa bem antes do Rio, por isso, quando atravessa ele, a altura é impressionante.
Ao finalmente chegar em Buenos Aires, fiquei feliz ao ver os grandes prédios, ruas bem espaçosas e uma limpeza impressionante. Bem semelhantes mesmo a Curitiba. Foram uns quarenta minutos até chegar na Universidade de Buenos Aires, onde ficaríamos "escondidos" da torcida do River Plate.
A torcida chegou bem antes do jogo, mas não podia ser notada, já que os barrabravas -como são conhecidos os torcedores do River, são muito briguentos, principalmente contra brasileiros.
Por ser jornalista eu era o único que podia sair do ônibus e dar uma volta pelas redondesas. Eu andei um pouco pela região de Nuñes, já que precisava ir ao estádio buscar a minha credencial para cobrir o jogo do gramado.
Não andei muito, mas o suficiente para matar a minha vontade e conhecer um pouco da cidade.
Durante o tempo que tinha para o começo do jogo, conheci a região ao redor do estádio e toda a estrutura do estádio, que tem até uma escola infantil (é muito normal os times argentinos terem algum tipo de obra assistencial e educacional).
Na hora do jogo, já tinha feito amizade com muitos torcedores argentinos, funcionários do clube, como o Daniel, que disse já conhecer Curitiba, pois ele participou de uma peça de teatro, em um dos festivais de Teatro de Curitiba. Ele falou quando, mas não me recordo que ano foi isso. Só para informar: O festival de teatro de Curitiba é um dos principais do país.
Assisti o jogo, que terminou 1x0 para o Furacão. Com o resultado, o Atlético entrou para o seleto rol de times brasileiros que conseguiram vencer o River Plate, em pela Buenos Aires, fato que quem conhece futebol, sabe que muito difícil acontecer uma vitória quando um time estrangeiro joga contra um time argentino, na cada do rival.
Na volta, mais dormi do que fiquei acordado, mas a animação no ônibus era grande por causa da vitória atleticana. A chegada em Curitiba aconteceu na sexta feira de manhã, e como moro perto da BR-116, pude chegar antes em casa sem precisar ir para o centro de Curitiba. Que para variar, estava frio e chovendo. Eu vim com minha mala, traveseiro e coberta debaixo de chuva para casa, mas valeu cada minuto dessa viagem inesquecível.